Taxistas franceses em protesto violento contra a UBER
Centenas de taxistas ocuparam as vias de acesso a aeroportos e às entradas nas principais artérias de Paris e de outras cidades para protestar contra a “concorrência selvagem” da aplicação móvel Uber.
Táxis parados bloquearam a circulação no centro da cidade, incluindo acesso a estações de comboio e a terminais de aeroportos, como o Charles De Gaulle, na zona norte da capital. Aqui, segundo a agência Reuters, os passageiros foram aconselhados a usar o serviço de comboios para entrar na cidade e chegar ao aeroporto devido ao protesto.
Os acessos à estação de comboios Gare do Nord, de onde partem os comboios de alta-velocidade Eurostar e os serviços da Thalys, com destino a Londres e a Bruxelas, foram igualmente bloqueados. Pneus incendiados nas estradas, lançamento de petardos e pelo menos uma viatura associada ao serviço da Uber totalmente destruída levaram à actuação da polícia de intervenção. Pelas 5h locais (6h de Lisboa), forças antimotim foram mobilizadas para zonas da periferia de Paris, nomeadamente a zona oeste, onde está situada uma das principais portas de entrada para Paris. As forças policiais tiveram de usar gás lacrimogéneo para desmobilizar os manifestantes que se envolveram em confrontos com motoristas das viaturas privadas “ao serviço” da Uber.
O motorista de uma das viaturas descaracterizadas usadas para transportar clientes que usam a aplicação Uber foi obrigado a abandonar o veículo perante os protestos de taxistas, que tentaram derrubar o carro antes da intervenção da polícia, segundo adiantou a AFP.
Os taxistas chegaram mesmo derrubar uma viatura, que destruíram por completo.
Em Toulouse (sudoeste de França), pelas 6h (7h de Lisboa), perto de 40 motoristas de táxi bloquearam o acesso à estação de comboios local, enquanto outros se dirigiram para o aeroporto de Toulouse-Blagnac.
Também em Marselha e Aix-en-Provence (sul), o protesto teve consequências semelhantes.
Interrompeu o trânsito nas cidades e em direcção ao aeroporto e estações de comboios, com várias viaturas ainda a impedir o acesso ao túnel rodoviário de Marselha.
Serge Metz, responsável pela empresa de táxis G7, explicou por sua vez à BFM TV, que os taxistas “enfrentam uma permanente provocação [por parte da Uber] para a qual só pode haver uma resposta: firmeza total na apreensão sistemática de veículos de quem ofende”.
Serge Metz lamenta que se tenha que fazer “clientes e condutores reféns” de um protesto. “Não estamos a fazer com leveza”, reforçou.
Olivier Noblot, taxista há 22 anos, assegura à AFP que está "pronto para vir todos os dias se necessário e bloquear Paris".
Também a classe política não deixou passar ao lado o protesto dos taxistas.
O presidente socialista da Assembleia Nacional, Claude Bartolone, considerou que os "motoristas de táxi não podem ser vítimas da lei da selva". Pelo lado dos republicanos, foi sublinhada a "concorrência desleal" do Uber Pop. A líder do partido de extrema-direita Frente Nacional, Marine Le Pen, acusou o governo socialista no poder de "deixar a situação se deteriorar”.